quarta-feira, 27 de julho de 2011

Nem sei se quero mesmo publicar isto...


Sou muito mais pecadora do que santa, erro mais vezes do que acerto, exijo um tratamento exemplar, uma atenção cuidada e gosto de me sentir especial, única, desejada, amada, possuida como se fosse a melhor mulher ao cimo da terra.
Gosto de ser A amiga, A colega, A mãe, A profissional, A amante, A mulher. Se fico para 2º plano em qualquer destes parâmetros reajo mal. Afinal qual é a parte boa de ficar em 2º lugar?
Fui educada como se fosse uma merda, pelo meu pai. Nada do que fazia estava ou era suficientemente bom, nunca superei expectativas para ele e ainda hoje, com quase 32 anos ele me olha como se ainda assim fosse.
Como tal, aprendi a defender-me sozinha, a lutar por mim e pelos outros que me são queridos. E consegui. A minha irmã mais nova já não foi tratada assim. Já tem um pouco de consideração aos olhos dele. Mas vivi muitos anos da minha vida, mais de metade, a tentar ser boa aos seus olhos, a pedir um carinho, um mimo, um beijo de pai para filha e isso levou a que me tornasse uma pessoa competitiva, que luta pelo primeiro lugar, que gosta de ficar na memória dos outros como alguém especial.
Diria mesmo que é o meu calcanhar de aquiles. Não gosto de perder. Não perder em jogos e brincadeiras, mas em termos emocionais. Não consigo abrir mão de relações, não me consigo conformar com perdas.
Não falo de sentimentos de ânimo leve, não dou mimos a quem não tenho a certeza que me vai retribuir, não falo dos meus medos a não ser ao meu círculo mais fechado (que se resume a 2 pessoas), refugio-me na música e na condução quando algo não bate certo. E não abro o meu coração a qualquer pessoa. Não o faço NUNCA sem antes ter a certeza que não vão utilizá-lo contra mim.
Posso concluir que sou uma pessoa com sérios problemas afectivos, sim posso, mas só eu e aquelas 2 pessoas o percebem, porque para o resto do mundo sou uma lutadora, uma rapariga cheia de garra, de sorte, de coisas boas.
O meu porto seguro? Estas 2 pessoas. Que me acham a número 1. Mesmo com todos os meus defeitos que eles tão bem conhecem, mesmo com as minhas inseguranças, casmurrices e paranóias.
O problema foi quando ontém percebi que afinal existem partes de mim que não são o n.º 1 para uma dessas pessoas. Ou melhor, sou o n.º 1 mas em exequo com outra pessoa.
Confesso que foi um balde de água fria, confesso que me apeteceu fechar imediatamente as muralhas do meu castelo e dizer SAI, RUA e NÃO VOLTES A ENTRAR. Apeteceu-me pegar no carro e ouvir musica, durante horas a fio.
Como é que posso aceitar não ser a 1ª em tudo para ela? Ou pior do que isso, que raio de coisa é essa de ser a 1ª em exéquo??? Mas isso existe? Mas alguém consegue gostar da mesma situação em exequo com pessoas distintas??? Não entendo, não aceito, não quero entender nem aceitar.
Pensei, chorei e decidi... vou ignorar. Vou fazer de conta que não sei. Vou enfiar a cabeça na areia e fingir que não vi nada. Porque se tivesse visto, se tivesse percebido, a minha natureza impulsionava-me a fazer o que sei fazer melhor. Pegar nessa pessoa, meter numa caixa e arrumar na minha sala mental de informações venenosas. E seria o fim. O fim de muitas coisas boas que ainda podem e vão acontecer. Portanto, vou tentar lutar contra a minha natureza competitiva e fazer de conta que a noite de ontem não aconteceu.
Vou centrar-me naquilo que essa pessoa também não é o n.º 1 para mim e pensar nisso com mais frequência para me relembrar que apesar disso, apesar de também haver coisas em que ela não é a primeira, continua a ser a número 1 para mim.
E vou tentar esquecer e ser feliz. E vou conseguir. Porque consigo sempre o que me proponho. Com cicatrizes, com mazelas, mas ... no topo.

3 comentários:

  1. Querida, por falta de informação não sei em que é que não és a 1ª pessoa, agora, deves focar-te sempre no essencial e não no acessório: és a 1ª pessoa para ti e nada mais importa.
    Não tens que provar nada a ninguém, nem a ti mesma.
    Só tens que te amar e aceitar da forma que és, com virtudes e defeitos.
    Isto porque ninguém é perfeito. Nem eu, nem tu querida.

    xoxo
    Lux

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  2. Querida Mistery, este teus texto só demonstra que és uma mulher de garra, mesmo com as tuas inseguranças e equações. Considero que tomaste a atitude correcta!

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  3. Gosto de receber aquilo que dou... nada mais justo.

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