sábado, 11 de junho de 2011

Azar é...

... Existirem uns com tanto e outros com tão pouco. Azar é que aqueles que têm muito não dão valor ao que têm e os outros vivem na sombra que lhes chegue algum pedaço. Azar é ouvir as palavras dos meus irmãos, da minha mãe a dizer que afinal ele mudou. Afinal ele já não é a besta a que me habituei.
Azar é ouvir o gajo cá de casa a dizer que agora a relação está melhor, que finalmente poderemos ser pai e filha.
Azar foi ter ponderado isso. Ponderado que se calhar eu era a orgulhosa, teimosa, que não queria dar o braço a torcer. A durona que não tinha disponibilidade para baixar as guardas.
Azar é ter a minha mãe doente e ter ido falar com ele. Com aquele homem que todos dizem ter uma maturidade que eu não conheço nem reconheço.
E para quê??? Para constatar uma vez mais que esse homem de que me falam não existe. Ou então existe mas não para mim. O que ganhei com isso? Mais humilhação, mais mau trato! Mais lágrimas que teimavam em correr pela cara abaixo.
Azar é ver que com 30 anos não tenho um pai. Tenho uma figura de pai, um projecto de pai, um personagem que desempenha muito mal o seu papel. Sempre o fez!
Azar é pensar que se aos 30 anos, e após mais de 6 anos sem nos ofendermos, não podemos ter uma relação normal, nunca o iremos ter.
É complicado. O que mais gostava é que ele olhasse para mim como filha, como alguém que é do sangue dele, que o ama, mas isso não vai acontecer. Nunca aconteceu, e depois de ontém muito menos.
Sorte, sorte tem a Sofia que não tem pai. Que desapareceu na esfumaça do tempo. Que embora vivo, está morto para ela há muito tempo.
O sofrimento temo-lo as duas. Mas eu sou obrigada a conviver com esta erva daninha, que se entranha na minha vida.

3 comentários:

  1. É complicado... :S Nem sei que te diga...
    Se precisares cá estou ;) ***

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  2. Azar é ter um pai espectacular e ele ter morrido precocemente*

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  3. Aquilo que não nos mata, torna-nos mais fortes! A única coisa que te posso dizer é que sobrevives e algo em ti torna-se mais forte. Se é bom, não sei!

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